Depoimento de Hang à CPI não deveria ter acontecido, admitem senadores

25 out 2022 - Brasil - Mundo

Integrantes do chamado “G-7” da CPI da Covid-19, os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) admitem que o depoimento do empresário bolsonarista Luciano Hang à comissão foi um erro.

A avaliação está no livro “A política contra o vírus: bastidores da CPI da Covid”, de autoria dos senadores. A obra será lançada nesta terça-feira (25/10), às 18h, na livraria Leonardo da Vinci, no Rio de Janeiro.

“Houve depoimentos difíceis, como os do então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e do líder do governo, Ricardo Barros. Outros, como o do empresário Luciano Hang, sempre achamos que não deveriam sequer ter acontecido”, escreveram.

No livro, Humberto e Randolfe chamam a audiência, realizada em 29 de setembro de 2021, de “ópera-bufa”. Eles contam que a ideia de levar o empresário partiu dos senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Otto Alencar (PSD-BA).

“O senador Otto Alencar chegou a dizer, numa das bacalhoadas (na casa de Omar Aziz, presidente da comissão), que iria providenciar uma gaiola do tamanho de Hang, a fim de prendê-lo com aquela fantasia verde e amarela que o fazia lembrar um imenso papagaio. Aziz, influenciado por Renan, alegava que não havia o que temer, que ele próprio seria duríssimo e que o empresário não teria como ‘crescer’ para cima do senador”, diz o livro.

Os senadores admitem, no entanto, que o tiro saiu pela culatra. Hang, junto com a base governista mobilizada, conseguiu tumultuar a sessão e não foi enquadrado, como esperavam os membros do “G-7”.

“Ao contrário do que esperavam e prometiam, os senadores Renan Calheiros e Otto Alencar não conseguiram se contrapor ao depoente, muito menos extrair dele declarações que nos fossem úteis”, escreveram Humberto e Randolfe.

Braga Netto poupado

Também no livro, os autores contam que o general Braga Netto, então chefe da Casa Civil, foi poupado pela CPI graças ao presidente da comissão, senador Omar Aziz.

“Para isso, Aziz contou com o apoio da maioria dos senadores do G-7, entre os quais Tasso Jereissati, Otto Alencar e Eduardo Braga. Eles defendiam que era prudente manter a CPI a uma distância razoável de certas figuras da caserna, como sinal de respeito às Forças Armadas. O próprio Jereissati afirmava, em reuniões internas do G-7, que não poderíamos correr o disco de “galvanizar nas Forças Armadas um oponente da CPI”, dizem Humberto e Randolfe no livro.